segunda-feira, 29 de junho de 2009

A solidão




Estou de frente com ela. Corri, tentei me esconder, mas eu aceitei o encontro. Ou era agora ou era depois. Preferi lidar com ela agora, para que no próximo encontro eu esteja mais preparada e saiba como lidar com ela.
Ela me assusta. Me traz um desconforto. Fico sem saber o que falar, fico sem saber o que pensar perto dela.
Ela tenta me dizer coisas que não entendo, fala baixo e é muito calma.
Ela encaixota os meus outros sentimentos.. Todos eles. Ela não some com eles, não os muda e nem os estraga. Ela apenas os guarda, p/ que a atenção seja totalmente voltada a ela. Talvez seja esse um dos grandes motivos dela me assustar tanto.
Ela pede silêncio, ela faz silêncio. Eu grito!
Eu choro... de medo... como criança com medo do escuro.
Ela pega a caixa dos meus sentimentos e tira, um por um... Pede p/ eu lidar com ele um de cada vez. Eu afobada, quero todos de volta. Ela nega e me obriga a lidar com alguem que me mete muito mais medo do que ela... Eu mesma...


(Ana Paula Fernandes Ventura)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Mulheres que falam demais

Dizem que as mulheres falam demais. Não há o que contestar, falamos pelos cotovelos, nos encontros com as amigas, nas reuniões familiares, ao telefone e nos aniversários, nas mesas de restaurantes e no salão de beleza, falamos. Puxamos conversa com a vizinha no elevador, discutimos o horror que está o preço das coisas, enfim, não ficamos nunca quietas, ao que parece. Mas nem tudo é o que parece. Mulheres gastam palavras à toa, mas economizam suas verdades mais uterinas. O que lhes grita dentro, não sai pela boca nem sussurrado. Não que tenhamos muito a esconder, mas temos muito a proteger: nossas contradições, nossas aflições, aqueles sentimentos todos que não são verbalizáveis. Mulheres calam demais. Calam mais do que homens, talvez por terem muito mais questionamentos, por serem mais ansiosas, por estarem sempre em estado de alerta, calamos o que nos perturba.

Homens são calados porque conseguem lidar melhor com o que lhes vai dentro, não se angustiam tanto, aceitam com mais resignação a vida que lhes foi oferecida ou a vida que conquistaram. Mulheres estão sempre pensando, colecionam interrogações: por que? e se? como seria? Sendo assim, tendo tanto a dizer e não dizendo nem metade do que nos corrói, calamos mais que todos, sim, mesmo falando e falando e falando. Bendito truque: falar para calar. Puxar os mais variados assuntos como meio de preservar o diálogo interior, para não macular nossa conversa com a gente mesmo, que ninguém deve ouvir. Falamos, aqui fora, de moda, novela, política, falamos umas das outras, acusamos e defendemos, falamos, falamos, discutimos as relações todas, com ele, com os pais, com os outros, interrompemos quando alguém opina, concluímos frases que nem são nossas: tudo porque mulheres em silêncio são perigosas. Muito mais do que quando falam. Mulheres em silêncio estão sempre tramando contra si mesmas.


(Martha Medeiros)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Encerrando Ciclos

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...

Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.

Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar.

Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.

Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempr e ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará! Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és.

E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.



(Dizem que a autoria é do Paulo Coelho, e ele negou. Falam também de Fernando
Pessoa, mas sem confirmação. Mas o texto é bom, independente de quem o escreveu.)



terça-feira, 9 de junho de 2009

Abri Os Olhos

Sei
Mais do que eu quis
Mais do que sou
E sei do que sei
Só não sei viver
Sem querer ser
Mais do que sou.

O fato é o ato da procura
E a cura não resiste só
O que era certo
Eu descobri
Nem sempre era o melhor

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar

Não sei afastar
A dor de saber
Que o saber não há
Só não sei dizer
Se esse meu ver
Se pode explicar

Enquanto eu penso
Tanto entendo
Que é mais fácil
Não pensar
O que era certo
Eu aprendi
A sempre questionar

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar


Sei
Mais do que eu quis
Mais do que sou
E sei do que sei

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar


(Composição: Lucas Lima/Tatiana Parra/Otavio)

TPM



(
Mara Diegoli é médica, trabalha no Departamento de Ginecologia do Hospital das Clínicas e é coordenadora do Centro de Apoio à Mulher com Tensão Pré-Menstrual do Hospital das Clínicas da Universidade São Paulo.)


"Tensão pré-menstrual, ou TPM, é um tema que interessa não só às mulheres, mas aos homens, especialmente. Ela se caracteriza por um conjunto de sintomas e sinais que se manifesta um pouco antes da menstruação e desaparece com ela. Se eles persistirem, não se trata da síndrome de TPM, que está diretamente relacionada com a produção dos hormônios femininos.
Do ponto de vista dos hormônios sexuais, os homens são muito mais simples do que as mulheres. Eles fabricam testosterona cuja produção começa a cair inexorável e lentamente a partir dos 20, 30 anos de idade. As transformações que essa queda provoca no humor masculino são, de certa forma, previsíveis e é por isso que as mulheres dizem que os homens são todos iguais.
Com elas, é diferente. A concentração dos hormônios sexuais varia no decorrer do ciclo menstrual. Assim que termina a menstruação, tem início a produção de estrógeno, que atinge seu pico ao redor do 14º dia do ciclo, quando começa a cair e a aumentar a produção de progesterona. O nível desses dois hormônios, porém, praticamente chega a zero durante a menstruação.
Portanto, em cada dia do mês, a mulher tem uma concentração de hormônios sexuais diferente da do dia anterior e diferente da do dia seguinte. O impacto que isso provoca no humor feminino também oscila de um dia para o outro. Por isso, os homens dizem que as mulheres são difíceis de entender."



segunda-feira, 1 de junho de 2009

O que eu quero

Eu tive que dormir p/ pensar. Pois é, eu tive que sonhar p/ pensar, eu tive que acordar com aquela sensação de peso, de angustia, de querer voltar a dormir pra acordar diferente. Acho que é isso que muitas vezes penso antes de dormir: 'amanha vou acordar diferente'. Muitas vezes acordo pior. Essa sensação de algo inacabado, não 100% terminado acaba comigo. Me desgasta.
Mas o que eu quero? Eu quero ser amada não apenas com palavras, quero ser beijada com paixão todos os encontros, quero ser abraça com carinho todas as vezes que estiver triste, quero ser elogiada todas as manhas, quero receber um sorriso aberto quando for vista de longe, quero escutar sussurros de amor no meu ouvido antes de dormir, quero receber ligações do nada p/ me lembrar que sou querida, quero ligar e perceber o sorriso do outro lado, quero chorar por saudade sabendo que o outro também chora pelo mesmo, quero dar gargalhadas altas, quero andar na rua de mão dada orgulhosa, quero dançar junto ate as 5 da manha, quero ouvir uma musica no radio e receber uma ligação no meio dela com a frase 'to ouvindo a nossa musica', quero amar...