segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Receita de Ano Novo



Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)


sábado, 29 de dezembro de 2007

Uma Verdade Inconveniente



O ex-vice-presidente Al Gore é motivo de chacota nos Estados Unidos desde sua derrota para George W. Bush na corrida presidencial de 2000, nos Estados Unidos. Os excelentes Trey Parker e Matt Stone sempre o mostraram em South Park com um perdedor patético pela inabilidade de superar esse fato. E, segundo as mentes criadoras do programa, isso resultou em Gore viajar pelo mundo alertando sobre os perigos de uma espécie de Pé Grande, um fantasma chamado de “ManBearPig”, que poderia destruir o mundo. Essa sátira explícita foi criada em cima das palestras que Gore vem dando pelo planeta sobre os graves problemas causados pelo aquecimento global e a liberação excessiva de gases CO2. Mas para os desinformados, Gore já faz isso desde a sua eleição para a Câmara de Deputados nos anos 70 e não por causa de sua derrota para Bush. Uma verdade inconveniente (An inconveniente truth, 2006) é o registro cinematográfico sobre essa faceta de Gore desconhecida do grande público.

O documentário é essencialmente uma versão em película do slide-show que Gore vem exibindo desde 1978 sobre a sistemática destruição do meio ambiente, devido ao dióxido de carbono preso na atmosfera terrestre. Segundo Gore, o debate está terminado. A comunidade científica concorda que o planeta está aquecendo e os responsáveis somos nós. Os efeitos têm sido e serão ainda mais catastróficos. Em sua palestra, Gore apresenta dados factuais que as calotas polares estão derretendo, o nível dos oceanos está subindo e o clima vem apresentando mudanças drásticas de comportamento. Isso tudo resulta numa constância de furacões, enchentes, seca, praga de insetos e epidemias. O efeito no futuro será um caos político, econômico e social.

O filme abre com Gore falando para um auditório apoiado por projeções, slides e vídeos. Até o humor se faz presente com um pequeno curta de Matt Groening, criador dos Simpsons. Ao mesmo tempo, o acompanhamos em aeroportos, dentro do carro e quartos de hotel, representando que a sua cruzada tem sido pelo mundo e não só nos Estados Unidos. Chega a ser surpreendente vê-lo articulado, inteligente, entendido e passional sobre o assunto. Bem diferente do monossilábico e atrapalhado candidato a presidência do passado. Ele consegue explicar o problema de forma clara e simples, usando citações de Mark Twain e Upton Sinclair. Ele emprega gráficos com mapas de estatísticas atmosféricas sobre milhões de anos lado a lado com fotografias da Patagônia, do Kilimanjaro, dos Alpes e da Antártida, entre outros locais, para revelar o impacto produzido pelo homem durante anos no meio ambiente. Chega a mostrar a diferença do que foi noticiado pelos os veículos de mídia norte-americanos e os cientistas sobre as causas do Furacão Katrina. Fica evidente que o lobby protagonizado por certos grupos poderosos influencia os meios de comunicação.

Parte biográfico, o filme também mostra que Gore foi introduzido no assunto quando ainda era universitário, durante uma palestra de Roger Revelle, um professor de Harvard. Revelle foi um dos pioneiros na medição de dióxido de carbono na atmosfera. A família de Gore, que plantava tabaco, também foi uma influência. Ele revela que o falecimento de sua irmã por câncer de pulmão provocou uma mudança na utilização do solo de suas fazendas. Outro fator importante foi a quase morte de seu filho num acidente de carro. Através dessas tragédias pessoais, o filme ganha um lado humano. E com esses elementos fica mais fácil acontecer uma identificação da epístola com os espectadores. Essa conscientização gera uma reflexão: parte do problema poderia ser evitado, se aplicássemos uma série de mudanças em nossos hábitos diários.

Mesmo assim, o cineasta Davis Guggenheim, um veterano da TV (dirigiu episódios de 24 Horas e The Shield), não cai nas armadilhas do patriotismo. Ele utiliza um tom ingênuo para dar ritmo ao filme. Inevitavelmente o tema da corrida presidencial de 2000 chega. Nessa hora, Guggenheim acelera o máximo possível com uma montagem de clipes e alguns comentários pouco eloqüentes de Gore. Um outro ponto negativo é uma certa aura de superstar criada em torno do documentado. Como também incomoda o estilo didático da produção, orientado para converter. Mas vale dizer que Gore não queria fazer o filme e precisou ser persuadido para participar do projeto. Foi convencido pela importância da mensagem, até porque somos ao mesmo tempo os vilões e as vítimas dessa história.


ESTÁ PRONTO PRA MUDAR SUA FORMA DE VIVER?

A CRISE DO CLIMA PODE SER RESOLVIDA

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QUANDO PUDER, USE O METRÔ OU O TRANSPORTE PÚBLICO

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PARA SALVAR O MUNDO EM QUE IRÃO VIVER

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APRENDA TUDO O QUE PUDER SOBRE A CRISE DO CLIMA.

E ENTÃO PONHA O SEU CONHECIMENTO EM AÇÃO.

UMA VERDADE INCONVENIENTE



http://www.youtube.com/watch?v=Yh330_gkOsU


sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Pérolas


Uma ostra que não foi ferida, não produz pérolas.


Pérolas são produtos da dor; resultado da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou um grão de areia.


As pérolas são feridas curadas.


Na parte Interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada Nácar. Quando um grão de areia a penetra, as células do Nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra.


Uma Ostra que não foi ferida de algum modo, não produz pérolas pois as pérolas são feridas cicatrizadas.



· Você já se sentiu ferido por palavras rudes de alguém?
· Já pôs a sua confiança em alguém que lhe enganava?

· Já foi acusado de ter dito e feito coisas que não disse e não fez?

· Já foi traído a ponto de ver seus sonhos ruírem?

· Você já sofreu os duros golpes do preconceito?

· Já recebeu o troco da indiferença e,

· de algum modo, sente-se injustiçado ou prejudicado por alguém?



Então, produza uma pérola.

Cubra suas mágoas com várias camadas de amor.


Infelizmente são poucas as pessoas que se interessam por este tipo de movimento. A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, deixando feridas abertas, alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem.

Na prática, o que vemos, são muitas ostras vazias. Não porque não tenham sido feridas, mas, porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A Paz


É preciso pensar um pouco nas pessoas que ainda vêm...
nas crianças.
A gente tem que arrumar um jeito de deixar pra eles um
lugar melhor.
Para os nossos filhos e para os filhos de nossos
filhos.
Pense bem!

Deve haver um lugar dentro do seu coração
Onde a paz brilhe mais que uma lembrança
Sem a luz que ela traz já nem se consegue mais
encontrar o caminho da esperança
Sinta, chega o tempo de enxugar o pranto dos homens
Se fazendo irmão, estendendo a mão

Só o amor, muda o que já se fez
E a força da paz junta todos outra vez
Venha, já é hora de acender a chama da vida
E fazer a Terra inteira feliz

Se você for capaz de soltar a sua voz
Ter um mar, como prece de criança
Deve então começar outros vão te acompanhar
E cantar com harmonia e esperança

Deixo que esse canto lave o pranto do mundo
Pra trazer perdão, dividir o pão.

Quanta dor e sofrimento em volta a gente ainda tem,
pra manter a fé e o sonho dos que ainda vêm.
A lição que o futuro vem da alma e do coração,
pra buscar a paz, não olhar pra trás com amor.

Se você começar outros vão te acompanhar
E cantar com harmonia e esperança.

(Roupa Nova/versão original:
Heal the World - Michael Jackson)


Feliz Natal!


domingo, 23 de dezembro de 2007

À Noite Sonhei Contigo/Paula Toller



À noite sonhei contigo
E não tava dormindo
Justo ao contrario
Estava bem desperto

Sonhei que não fazia
O menor esforço
Para que te entregasses
Em ti já estava imerso

Que lindo que é sonhar
Sonhar não custa nada
Sonhar e nada mais
De olhos bem abertos
Que lindo que é sonhar
E não te custa nada mais que tempo

Sofrer com tanta angústia
Por coisas tão pequenas
Gastar essa energia
Assim não vale à pena

Quem me dera me livrar
Pra sempre de mim mesmo
E só me reencontrar
Lá no teu doce abismo

Memória


Amar o perdido
deixa confundido este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão


(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Cartas de amor...


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor, têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas...

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Sentindo saudades...



Saudade não se teoriza, se sente. É presença da ausência. Mas há saudade e saudade. Saudade cruel e saudade doce, boa. A saudade cruel é aquela do que está longe.
Do que vislumbramos, conhecemos até, mas não temos dentro de nós.
Essa dói, machuca, tira o sono, maltrata, rouba o riso, modifica o olhar, entristece.
Mas não é saudade, de fato, é falta. Falta do que, ou de quem não se têm. Falta é verbo que tem cheiro de vazio, é lacuna; saudade é substantivo que se transforma em advérbio de intensidade, intensidade do sentir. É sensação, é plenitude, é lembrança. E somos afortunados. Não há em outra língua verbete para traduzir esse sentimento.
Saudade boa, saudade, saudade, essa é doce. Dói? Dói sim, mas não é cruel,
é uma dorzinha boa de sentir, leve, que enche o peito, faz sonhar, sorrir, eleva o olhar para o passado, gera suspiros e é,como afirmei, presença da ausência. É presença do que, ou de quem, tivemos e teremos sempre dentro de nós.
Saudade é identificação da ausência. E nada torna mais presente o que está ausente do que sentir saudades. Saudade é vida. Só morremos quando esquecidos, quando não somos mais ausentes em ninguém e isso quer dizer que não existimos mais em nenhuma memória. Saudade boa é consciência de algo ou alguém. Não sentimos nunca saudades do que não nos emocionou, provocou sorrisos, prazer, amor, êxtase, sentimentos verdadeiramente bons. E as músicas, os poemas, os textos, as canções, não servem para outra coisa senão para traduzir o que não conseguimos definir; para falar por nós, ratificar o que sentimos. Então, se por acaso lhe vem à mente uma música antiga ou atual, brega ou moderna, ou se uma paisagem ou um céu estrelado ou uma imagem do passado ou de alguém, lhe surgir na mente; ou se um trecho de um poema, de um texto qualquer, lhe provocar um suspiro, e de repente você sentir saudades. Não se espante, nem se entristeça. Aproveite. Agora se alguém disser que sente saudades de você, comemore duplamente. Triste é não ter do que ou de quem sentir saudades. E mais triste ainda é não deixar saudades em ninguém.

(Maine Virginia Carvalho)

sábado, 1 de dezembro de 2007

A Vida Continua...




A Vida Continua
Mesmo Longe de você
Por mais, falta que você me faça
Tudo passa
Isso também vai passar
(Vai passar)
Vai passar, porque já não é amor
E sempre que for, pensar em você
Carinhosamente vou dizer
A Vida continua
Só nos resta então viver
Com mais, liberdade e alegria
Do que eu tinha
Quando estava com você
Com você, eu aprendi o que é o amor
E sempre que for, pensar em você
Carinhosamente vou dizer
A Vida Continua
A Vida Continua
A Vida Continua
A Vida Continua
Você não sabe o quanto eu caminhei...

(Luciana Mello)